Segundo informações divulgadas pela CNN, a banda sueca ABBA marcou para o ano que vem o lançamento de um novo álbum em um show holográfico que acontecerá em Londres.
O projeto Abba Voyage promete trazer novas canções do grupo que serão cantadas por avatares holográficos rejuvenescidos dos integrantes da banda, que já não lança discos gravados em estúdio há quarenta anos.
Ainda segundo a emissora britânica, o show já foi gravado pelos músicos em pessoa, que usaram trajes de captura de movimento, aqueles mesmos que são usados por atores de cinema.
Os shows holográficos podem se tornar uma tendência no mundo do entretenimento no pós-pandemia, apesar de a holografia não ser uma novidade.
Hologramas: como surgiram?
Os hologramas são um dos artifícios tecnológicos mais citados em filmes e outras produções.
E por incrível que pareça, a tecnologia foi descoberta ainda no século 19 pelo engenheiro inglês Henry Dircks, que posicionou uma placa de vidro a 45º e projetou uma imagem nela.
Mais tarde, o cientista John Henry Pepper aprimorou a holografia e a introduziu no mundo das produções artísticas.
A complexidade e os altos custos da holografia
A holografia usa técnicas de fotografia e precisa de toda uma produção para dar certo, o que encarece a sua execução.
Tatiana Calvo, que é diretora do TACC88, um hub de criação, tem experiência com shows holográficos desde 2012.
Segundo ela, uma forma prática de se produzir um show do tipo é usando um projetor que “joga” as imagens já gravadas em uma placa vítrea ou com uma película especial que cria o que é entendido como holograma.
“É uma coisa bem cara de se fazer, porque a película é importada e o preço geralmente é em euros ou dólares. Para baratear, dá para fazer umas traquitanas, colocar um projetor atrás de um vidro jateado ou de um tecido e falar que é holografia, mas não é”, disse Tatiana.
O ABBA usou técnica parecida, em que gravaram todo o show usando cerca de 160 câmeras.
Esse show “3D” é o material que será projetado nos shows holográficos da banda.
George Lai, que é CEO do laboratório de experiências imersivas Azimolab, explica a complexidade dessa tecnologia. “Os hologramas são imagens tridimensionais virtuais criadas pela interferência de feixes de luz, que refletem objetos físicos reais. Os hologramas preservam a profundidade, paralaxe (deslocamento aparente de um objeto quando se muda o ponto de observação) e outras propriedades do objeto original”, disse.
Ainda segundo George Lai, os custos de uma produção holográfica podem chegar a R$ 6 milhões, se personagens fictícios forem criados. “Os custos com equipamentos, mão de obra especializada e de serviços adicionais de programação, captura de movimentos e modelagem 3D também impactam em boa parte dos custos e podem inviabilizar o uso da tecnologia”, conclui.
A popularidade desse tipo de show
Segundo especialistas, apesar da ainda forte preferência do público por shows com artistas “de verdade”, os shows holográficos irão ganhar o seu espaço.
Há o entendimento de que as pessoas querem shows presenciais, não importando se os artistas estão no palco ou deram lugar a hologramas.
Shows holográficos de artistas que não existem
Uma das artistas mais famosas do Japão surgiu em 2007 e não é humana.
Hatsune Miku, uma animação holográfica criada pelo artista japonês Kei Garo, possui a aparência de uma jovem de 16 anos e ganhou rapidamente a simpatia dos japoneses.
Miku virou um ícone da cultura pop do Japão, possuindo milhares de músicas e mais de dois milhões de seguidores nas redes sociais.
Além disso, o anime holográfico faz turnês em todo o mundo.
As vantagens dos show em holograma
Segundo a pesquisadora Vanessa Mathias, co-fundadora da consultoria White Rabbit, essa modalidade de shows pode trazer muitas vantagens.
“Não faz sentido ter um evento grande em um único lugar, então a holografia pode aportar esse nicho fazendo com que certas apresentações e conteúdos sejam projetados para mais lugares. Fora isso, a holografia pode também nos ajudar a reduzir a pegada de carbono das viagens de avião, porque não precisaremos mais nos deslocar para acessar o conteúdo do evento e, ainda assim, teremos a oportunidade de nos reunir em um acontecimento presencial, só que com holograma”, disse Vanessa.