O repórter esportivo Marco Aurélio Souza, que atua na Globo SP, pediu demissão da emissora nesta quinta-feira (1°). Segundo Marco Aurélio, a decisão não foi tomada às pressas, mas motivada por um diagnóstico de Burnout que ele recebeu ainda no primeiro semestre de 2022.
Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional, é uma condição neurológica que afeta o indivíduo emocionalmente, exigindo bastante cuidado e atenção. A doença é ocasionada pelo excesso de trabalho e causa estresse, fadiga, confusão mental, indisposição e outros sintomas parecidos.
Em resposta ao portal Notícias da TV, do UOL, o repórter da Globo confirmou a sua saída da líder de audiência e disse que tudo ocorreu de forma harmônica, tendo como foco uma desaceleração no trabalho. “É verdade a minha saída. Tive um diagnóstico de burnout no fim de fevereiro e esse tipo de situação faz a pessoa repensar pontos importantes da vida. Voltei a trabalhar normalmente antes do meio do ano e segui até o fim do Brasileirão, mas a decisão foi amadurecendo. Era hora de mudar a vida profissional também.”, contou.
A trajetória do repórter na Globo
Marco Aurélio Souza estava na Globo desde 2002, quando passou a integrar os quadros da RBS TV, afiliada da emissora carioca no Rio Grande do Sul. Em 2005 o jornalista foi transferido para São Paulo, onde atuou no SporTV, no Globo Esporte São Paulo e em diversas transmissões de jogos, como repórter de campo.
Já em 2019, uma história reportada por Marco Aurélio foi parar na premiação anual da FIFA. Tratava-se da história do torcedor palmeirense Nikollas Grecco, que é cego ia sempre ao estádio do Palmeiras para acompanhar os jogos que eram narrados por sua mãe, Silvia. A reportagem emocionante rendeu a Nikollas e Silvia Grecco um prêmio da entidade máxima do futebol mundial.
Se dirigindo especialmente aos fãs e telespectadores, o agora ex-repórter da Globo Marco Aurélio Souza, postou uma nota no Instagram. Veja a íntegra:
“Foi no fim de fevereiro deste ano que algo que eu não sabia definir me impediu de sair de casa. Certeza naquela hora só uma: eu não quero trabalhar! E, imediatamente, veio a pergunta: como alguém que tinha tanto prazer no trabalho, alguém que dizia que “nem trabalhava” de tanta afinidade com o ofício, amanhece querendo fugir do trabalho?
O que eu não sabia explicar, com o acompanhamento de uma psiquiatra e um terapeuta ganhou forma e nome: síndrome de burnout.
Medicação, terapia e licença médica. Um mantra que deve ser repetido sem pressa. Ou você se dá um tempo ou o tempo enche a sua cabeça com mais e mais problemas.
Aos poucos as ideias vão se acalmando, o corpo entende e a cabeça aceita voltar. Mas o burnout não é um resfriado. Ele é um divisor. Você entra de um jeito e sai de outro. Você entra uma pessoa e sai outra.
Voltei ao trabalho e, mesmo com escalas que evitavam os processos mais repetitivos e sem sentido para um repórter com vinte anos de estrada, muita coisa estava diferente.
Hoje encerro uma história de quase 18 anos (faltaram dois meses) no grupo Globo. Uma vida.
Eu estava numa pauta, no hotel Majestic, em Florianópolis, quando o telefone tocou. Era o Emanuel, diretor da Globo/SporTV do outro lado da linha: “Maluco, tem uma vaga pra você em São Paulo”. Era fevereiro de 2005…
Obrigado a todos que um dia acreditaram numa ideia de pauta ou melhoraram o material que eu trouxe da rua. Eu nunca vou esquecer de vocês! Todos estarão com nome e sobrenome no livro que estou terminando e que vai contar as histórias das minhas histórias…
Há quem defina a trajetória profissional pelos lugares que conheceu e a quantidade de eventos que cobriu. Eu prefiro outro enfoque. Porque não existe felicidade maior do que a aproximação de um estranho que pergunta: você não é aquele repórter que contou aquela história?
Credenciais enfeitam a sua sala.
Boas histórias aquecem o coração de alguém lá do outro lado da tela.”, finalizou.