Segundo informações divulgadas pelo UOL nesta quinta-feira (25), os jornalistas José Hamilton Ribeiro, que atuava no Globo Rural, e Eduardo Faustini, que era o rosto por trás do “Repórter Secreto”, do Fantástico, foram demitidos pela Globo.
Ainda segundo informações, as demissões pegaram os integrantes do núcleo jornalístico da emissora de surpresa e causaram muita comoção, pois os dois experientes jornalistas já estavam atuando na casa há muito tempo.
José Hamilton Ribeiro tinha 40 anos de Globo, enquanto Eduardo Faustini tinha completado 25 anos na emissora carioca, tendo ingressado nos quadros em 1996.
A história dos profissionais
Veja um pouco da trajetória profissional de José Hamilton Ribeiro e Eduardo Faustini.
José Hamilton Ribeiro: a cara do Globo Rural
José Hamilton Ribeiro, jornalista de voz marcante e muito ligado a matérias sobre o meio rural, é natural de Santa Rosa do Viterbo, no interior de São Paulo.
O profissional iniciou na Globo como freelancer, apresentando uma matéria sobre o pantanal. O tema, como dissemos, virou marca registrada de José Hamilton.
A reportagem foi exibida pela Globo durante as comemorações do seu primeiro aniversário, em 1981, já que materiais do tipo eram raros na TV brasileira até então.
No ano seguinte, em 1982, José Hamilton Ribeiro passou a integrar o time de jornalismo da emissora, no qual permaneceu até ser demitido.
Em 2006, já com bastante experiência na profissão, José Hamilton recebeu o prêmio Maria Moors Cabot, um dos mais importantes prêmios do jornalismo nos Estados Unidos, que é entregue pela Universidade de Columbia.
José Hamilton Ribeiro tem, ao todo, mais de 60 anos de carreira jornalística.
O “Repórter Secreto”, Eduardo Faustini
Conhecido como “Repórter Secreto”, Eduardo Faustini fez um trabalho mais que relevante no jornalismo investigativo da TV Globo.
O começo da carreira de Faustini se deu na TV Manchete, já extinta, em meados de 1989. Em 1996 Eduardo foi contratado pela Globo e começou a produzir reportagens que iam ao ar todos os domingos, no Fantástico.
Para preservar a sua identidade e preservar a sua própria integridade física e da sua família, Eduardo Faustini jamais mostrou o rosto na TV.
Essa decisão teve como motivo as várias ameaças que o jornalista sofreu ao longo da carreira, por causa das investigações que fazia.
Durante a carreira, Eduardo Faustini trabalhou em diversas reportagens importantes. Como exemplo, uma denúncia que foi ao ar em 2004 sobre a queima deliberada de arquivos sigilosos da época do Regime Militar, ocorrida na Base Aérea de Salvador.
Essa reportagem gerou ao jornalista o Prêmio Qualidade Brasil e o XXII Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo.
Outro bom exemplo de reportagem importante de Faustini, é uma matéria que foi ao ar em 2005 e mostrava cenas gravadas por Ivo Cassol, então governador do Estado de Rondônia.
Nas cenas, o governador recebia tentativas de suborno de alguns deputados e as gravações foram uma tentativa de criar provas contra os supostos corruptos.
Mais recentemente, em 2014, Eduardo Faustini protagonizou a série “Cadê o dinheiro que estava aqui?”, no Fantástico, em que investigava denúncias de desvio de dinheiro público pelo Brasil.
José Hamilton Ribeiro e Eduardo Faustini não foram os únicos
Não se sabe ao certo os motivos, mas a Globo vem demitindo os seus jornalistas experientes há algum tempo.
Em outubro, a emissora já havia anunciado o desligamento de outros dois jornalistas veteranos. Ari Peixoto, que atuava no Rio de Janeiro, e Alberto Gaspar, que trabalhava em São Paulo.
Alberto Gaspar já estava há mais de 39 anos na emissora da família Marinho, e tem atualmente 64 anos de idade. Enquanto isso, Ari Peixoto, de 65 anos, já havia completado 34 anos de Globo.
O jornalista Ari Peixoto se pronunciou sobre a sua demissão e descreveu brevemente como se deu a sua saída da Rede Globo. “Fui ‘desligado’ hoje da TV Globo. Cheguei para trabalhar e fui chamado à sala do diretor, que em minutos me informou da minha demissão”, disse o veterano em entrevista concedida à equipe do portal Notícias da TV.
“Saio agradecido porque muito do que construí, tanto no campo pessoal quanto no profissional, devo à Globo. São os novos tempos”, começou Ari em carta de despedida enviada aos colegas.
“Minha relação com a Globo acaba hoje. Um abraço aos que ficam, meu celular é mesmo, até um dia”, concluiu o jornalista.
Antes mesmo das demissões de Alberto Gaspar e Ari Peixoto, a Globo já havia demitido outros três integrantes veteranos da equipe de jornalismo.
Foram eles Roberto Paiva, que atuava como repórter especial, Fernando Saraiva, que tinha 22 anos de casa e já atuou como correspondente em Londres, e Robinson Cerântula, produtor especial responsável por um dos maiores furos jornalísticos na área policial da história da emissora carioca.
Nenhum dos profissionais citados comentaram sobre como será o prosseguimento de suas carreiras, dentro ou fora da televisão, até o presente momento.